O Fenômeno 3D




Lembro que em 1997, quando ainda morava em Sergipe, minha irmã voltava da sua viagem a Disney e me contou com muita surpresa: "Lá tinha um cinema que colocávamos óculos escuros e os personagens chegavam perto da gente, o filme era de terror e dava mais medo ainda." Na época tinha meus sete anos, achei aquilo fascinante: "já pensou você assistir filme parecendo que eles estão caindo em cima de você?".

O tempo passou, e isso saiu totalmente de minha cabeça, porém aqueles óculos escuros que fazem os personagens sairem das telinhas e parecem que estão do nosso lado, se desenvolveram. Depois do sucesso de alguns filmes de animação em 3D: Chicken Little (2005), Era do Gelo 3 (2009), Up (2009); Avatar chegou fazendo com que as pessoas vissem 3 dimensões fora da vida real, e trazendo a inovação tecnológica para ficar. Ops, inovação? Ou melhor dizer re-re-re-inovação? Aliás ela já existia quando eu tinha meus sete anos e idade e minha irmã voltava da Disney, ou melhor: desde a década de 40, que foi quando o 3D deu um dos seus primeiros passos.

O som surround surgiu entre a década de 40 e 50, com a idéia de cercar o espectador com sons de todos os lados, e logo foi experimentado no filme Fantasia, de Walt Disney, em 1941. Só que, em 1952 e 1955, o 3D explodiu nos filmes House of Maz, com Vicente Price, e Disque M para Matar, de Alfred Hitchcock. Só que os óculos moderninhos ainda tinham uma série de problemas para serem resolvidos: eles eram desconfortáveis, feitos de papelão, com lentes de celofane, geravam muito cansaço nos olhos e dores de cabeça durante o filme. A tecnologia até que não é complicada de ser fabricada, mas o filme era processado em contornos nas cores azul e vermelha nos planos que deveriam se destacar mais a frente e mais atrás, logo cada lente captava com mais facilidade um ou outro contorno, e o resultado era uma imagem tridimensional.

Como o 3D não agradou ninguém, até mesmo o Hitchcock confessou sobre o seu desgosto, logo caiu no esquecimento e o Cinerama apareceu com tudo, ele trazia telas gigantes em forma de semicírculo e usava 3 projetores independentes para exibir o filme, a diferença entre o 3D? O conforto.

Ao longo do tempo alguns diretores ainda tentaram usar o 3D, como na década de 70, Flesh for Frankenstein, Andy Warhol utilizou o 3D em uma cena que o coração era arrancado do corpo da vítima e atirado à platéia. Imagino que isso garantia muitos sustos, mas não deu certo.

Nos anos 80 outros filmes foram lançados em 3D: Tubarão 3, Sexta-feira 13 - Parte 3 e Amityville 3, mas o resultado de um foi pior do que o do outro. Mas nos anos 90 A Morte de Freddie foi o melhor exemplo. Mas, com a melhor qualidade e conforto, James Cameron traz o 3D em seu curta-metragem para um parque temático em 1996, continuação do O Exterminador do Futuro 2.

Agora, depois do sucesso Avatar em 3D, o mundo do cinema não é mais o mesmo, aliás o óculos moderninho não só marcou a tecnologia cinematográfica, como também contribui (E MUITO) a combater a pirataria, aliás, quem vai querer deixar de assistir um filme em 3D dentro do cinema escurinho, comendo pipoca, para assistir filme no seu mero ultrapassado DVD (porque o Blu-ray está chegando com melhor qualidade e vai acabar com os DVDs, será?), na sua sala de casa com cheiro do desifetante que a diarista passou para limpar? Apesar de que este ano estão para chegar as TVs em 3D, e a pirataria com certeza vai montar nessa oportunidade para piratear os filmes em 3D, mas, para ser bem sincero: cinema é cinema, não há nada comparável a você estar ali, entre quatro paredes, no escuro, e a única luz que vaza é direcionada para a tela do cinema, onde você olha e se concentra, sua mente entra naquela história e acaba esquecendo de tudo que está acontecendo no mundo, pois aquele momento é seu para viver aquela história, às vezes para rir, outras vezes para chorar, ou até mesmo para fazer você pensar e desvendar algum mistério, mas o mais importante é que aquele é um momento seu, e aquela história com começo, meio e fim faz com que você abra a porta de saída, respirando e pensando: "eu precisava disso!".

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