Paralelos



Naquela noite eu olhava para tudo, mas o nada estava ao meu redor; olhei para todos, mas não enchergava as pessoas. A música ecoava em meus ouvidos como um grito dentro de uma gruta abandonada. O suor entre as quatro paredes me tomavam por inteiro no meio da multidão em sincronia com as cores e os movimentos. Olhava para o teto rústico e enxergava o infinito. Esta deveria ser uma noite daquelas que começam e terminam naquele momento. Deveria, mas não foi.
Diante do nada e do ninguém existia uma tração que me puxava para uma determinada direção. A música, o suor, os movimentos se perderam entre as quatro paredes. Parei no tempo, olhei o caminho aberto diante de mim e segui. A cada passo era uma batida dentro do peito, de um jeito diferente e inerente. Minhas pegadas eram pesadas e avassaladoras e o olhar seguia para um determinado ponto feito bússola. Em questão de segundos avistei o relance do seu olhar. Pensei que você era alguém que conhecia há tempos, mas não era.
O olhar miúdo era encantador e completava o rabisco dos lábios. O nariz afilado parecia ter sido esculpido como uma obra de arte. Sua pele branca e delicada se perdia entre as cores e o calor daquele lugar. E quando menos esperei estava diante de ti. Daí por diante nossos rostos se encontram na velocidade do ritmo, a música se misturava com nossos dizeres e risos, as pessoas nos empurram mesmo suadas. Mas para mim nada acontecia além de ti. Pois eu precisava esquecer o mundo lá fora para lembrar daquele que existe dentro de mim e que necessita ser feliz.

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