Entre dois tempos


Levanto-me da cama, abro as cortinas e vejo o clarão do sol invadir a minha janela, sorrio para a margarida que acabara de nascer no jardim de casa. Desço as escadas como se nem estivesse tocando-as, num movimento flutuante. Olho o correi, vejo uma carta sem remetente, era você. Meus pés tocaram o chão, o céu escureceu, minha margarida murchou. Lembrei-me das noites em claro que escrevia para você, numa vontade de que você aparecesse. Estava tudo tão bem. Porque você fez isso? Agora, eu quero você. Para mostrar o quão perfeito é meu mundo. Mostrar-te o azul do céu, e as nuvens formando desenhos de corações, de elefantes. Agora eu quero você. Para poder roubar a margarida do jardim e presenteá-la com um sorriso dengoso. Agora eu quero você. Fico a ver esses filmes românticos, com desentendimentos, mas no final eles sempre voltam. Mas você não volta. Nunca chegou. O que você ta esperando? Agora eu quero você aqui. Subo as escadas, sentindo um forte peso em meus pés. Fecho as cortinas. Deito-me, e fico a escutar música, um momento de nostalgia, e minha alegria se torna fantasias, pequenas imagens de você se materializam em minha frente, eu me levantando, você vai me amando, e eu vou me deixando, numa batida que o só o coração entende, numa melodia que só o piano suaviza, num encontro em que só a língua entende.

12-04-2008

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